Anuário da Indústria de Implementos Rodoviários 2024

32 IInovação nem sempre é percebida de maneira evidente. Até mesmo definir o conceito provoca confusão, afinal basta o dicionário para dizer que inovar também é renovar, introduzir novidades ou qualquer ideia que expresse mudanças. Mas cabe considerar, por exemplo, alterações visuais de um veículo uma inovação? A verdade mostra que sim. É possível que as novas linhas do design tenham proporcionado mais eficiência aerodinâmica ou promoveram novos processos industriais que reduziram custos. No setor de implementos rodoviários, por exemplo, é bem capaz que os não familiarizados não entendam como a adoção do quarto eixo no semirreboque mudou a perspectiva do transporte rodoviário de carga. Olhos incautos com certeza verão apenas mais um implemento. Mas desde que a Resolução 882 do Contran, de dezembro de 2021, alterou limites de pesos e dimensões de veículos, o segmento pode legalizar uma inovação. Com a regulamentação, os semirreboques de quatro eixos deixaram de ser improvisados por adequações suspeitas para entrar nas linhas de montagens da indústria de implementos. Para o transportador, uma lista de benefícios. A composição veicular com a nova configuração de semirreboque permite capacidade de até 58,5 toneladas de peso bruto total combinado (PBTC) contra 57 toneladas admitidas em bitrem. Ou seja, mais carga por viagem. Simplificação em nome da redução Depois, se trata de um veículo com apenas uma articulação, o que facilita manobra, reduz consumo de combustível, pode ser atrelado a caminhão-trator 6x2 – em vez da exigência de 6x4 para ser bitrem – e o investimento inicial é menor. Na conta final, mais produtividade por menos custo. A demanda explodiu. Só nas contas da Librelato, nos primeiros seis meses do ano passado foram negociados mais de 1 mil semirreboques configurados com o quarto eixo, volume próximo a todas as entregas da fabricante de 2022. Bem menos perceptível do que um eixo a mais no semirreboque, o setor de implementos rodoviários viverá a partir de janeiro do ano que vem um grande avanço com a obrigatoriedade do controle de estabilidade nas carretas. Chegará nos veículos rebocados como uma das diversas funções que permitem a inteligência do EBS (do inglês, Electronic Braking System). “A tecnologia atende principalmente a segurança. E mais importante, de maneira ativa, independentemente da ação do motorista. O recurso monitora a dinâmica do semirreboque e corrige a trajetória do veículo, caso seja necessário, evitando tombamentos”, resume Flavio Grippe, gerente sênior de vendas para fabricante da divisão Trailer da ZF para a América do Sul. Ecossistema eletrônico embarcado O executivo lembra que além da segurança o EBS traz benefícios com funcionalidades adicionais. Em semirreboques equipados com suspensão pneumática, o controle eletrônico é capaz de calcular o peso da carga, o que permite sua distribuição mais equilibrada sobre a composição ou mesmo suspender eixo no caso de o caminhão estar vazio. “Na prática, o EBS traz economia adicional ao setor de transporte. A tecnologia impacta em menos desgaste de pneus e em menos consumo de combustível ao ter controle apurado no fluxo de ar do compressor”, conta o gerente da ZF. O EBS é importado, mas com a exigência por força de lei Grippe vislumbra a possibilidade de produzir o sistema aqui. “Hoje a demanda INOVAÇÃO | INNOVATION | INNOVACIÓN

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