ANFIR | 35anos
ANFIR | 35 anos 76 A operação paulista, contudo, demandava mais esforços: “Ao procurar um lugar para instalar a empresa em São Paulo, conheci um gaúcho que dominava bem economia e finanças. Depois de um ano de atividades aqui, ele me disse que o mais certo seria me des- ligar dos dois sócios de Caxias, porque a oficina de lá puxava o dinheiro da de São Paulo”. Com o conselho em mente, Vasco seguiu para Caxias e pessoalmente informou os sócios sobre o quadro. “Eles ficaram meio reticentes e passei uma semana lá em reu- niões. Expliquei que queria levar a firma para lá. O Sebastiani decidiu vir para São Paulo também, mas não gostou e no fim acabamos aceitando a idéia de dissolver a sociedade.” Em São Paulo a empresa colocava o terceiro eixo. As fábricas de caminhões ainda não o ofereciam de linha e clientes de todo o Brasil recorriam a Rossetti, que alongava chassi, soldava, colocava o terceiro eixo. Finda a sociedade em 1967, as coisas começaram a andar melhor ainda, tanto que a Rossetti ergueu fábrica em Guarulhos (SP) e mudou de nome para Iderol - Indústria de Equipamentos Rodoviários Limitada, então localizada na Rua Endres, 650. “Mudamos depois de oito anos. Compramos o terreno e trouxe meu irmão, Carlos João Rossetti, que era especialista em finanças. O outro irmão ainda era padre, na verdade seminarista, mas já vestia batina. Ele viria depois.” Os anos 1980 foram espinhosos para os fabricantes de implementos rodoviários: o País vivia momentos de instabilidade econômica, política e social sob o último governo da ditadura militar iniciada em 1964. No ano anterior, 3,2 milhões de trabalhadores entra- ram em greve. Só a categoria dos metalúrgicos paralisou quase 1 milhão de trabalhadores no Brasil. O mundo vivia mais uma crise do petróleo, a inflação chegara a 10% ao mês e instalava-se um processo de recessão da economia, com o primeiro desempenho nega- tivo desde 1947 (-3,1%). A Iderol, assegura Vasco, foi a primeira empresa nacional a fabricar furgões de alu- mínio sobre chassis. Havia só uma fábrica, a americana Cargovan, que fabricava para várias empresas. As empresas compravam kits de furgões da Cargovan que não os montava. Filiais A Iderol foi se desenvolvendo e abriu filiais em Betim (MG) – no mesmo ano da chegada da Fiat à cidade – e no Rio de Janeiro. Por volta de 1980 o grupo contava com mais de mil funcionários e se tornou a segunda maior empresa de implementos rodoviá- rios do mercado, alternando essa posição com a Guerra. Virou uma referência, até hoje, em carrocerias sobre chassis e semirreboques basculantes. A Iderol começou a fazer caçambas basculantes inspirada na Samvas – que era quem mais vendia basculantes no Brasil. Passou a produzir maior gama de produtos e, nesse meio tempo, a Iderol cresceu e a Samvas quebrou. “A gênese da nossa tragédia aconteceu em 1991, quando lançamos debêntures no mercado. Fizemos tudo errado, não tínhamos comando administrativo e financeiro suficientes para uma cartada daquelas. A fábrica era uma jóia, funcionava maravilhosa- mente bem. O departamento comercial, também. Mas o lado financeiro era precário.” Em 1996, motivada pelas necessidades financeiras, a Iderol admitiu a entrada de
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