67 Quem acompanha minimamente a indústria automotiva e qualquer tema que tenha alguma ligação com a segurança e melhoria no trânsito e suas consequências, sabe que a renovação de frota é invocada há pelo menos duas décadas como uma das principais ferramentas para, ao mesmo tempo, reduzir acidentes e emissões de poluentes, dentre outros avanços. Apesar desse consenso, o País chegou a 2025, mais uma vez, sem ainda, efetivamente, um programa que promova a retirada de veículos leves ou pesados antigos ou em más condições de manutenção e segurança das ruas e estradas para substituí-los por produtos mais atualizados e eficientes. Felizmente, não se trata de um vazio absolutamente no encaminhamento da elaboração e aplicação de um programa que possa rejuvenescer a frota total brasileira. Ao contrário, vem ganhando corpo em anos recentes com a intensificação de discussões e, mais ainda, ações em prol da descarbonização. Só os índices de redução de emissões – e o menor nível de consumo de combustível - em três décadas já seriam motivos suficientes para justificar esforços ainda maiores por parte do governo e de todos os elos do setor automotivo para acelerar a renovação: se um automóvel de passeio atual polui 80% menos do que um produzido há 30 anos, no caso dos caminhões a queda é ainda maior, 87%. A frota circulante brasileira superou 47 milhões de veículos leves e pesados em 2023, além de 13,4 milhões de motocicletas, aponta o Sindipeças. De 2020 a 2023, a frota cresceu somente 0,7% em média por ano, o que corrobora para o envelhecimento. A idade média no caso de automóveis, caminhões e ônibus segue crescendo, chegou a 10 anos e 8 meses – 2 anos a mais do que uma década antes. Mas a dissecação por segmento mostra que o caso dos veículos de carga é mais preocupante. São 2,2 milhões de unidades com a idade média ao redor de 12 anos e meses, contra 11 anos e 1 mês dos 38,4 milhões de automóveis, 8 anos e 9 meses dos 6,2 milhões de comerciais leves e 11 anos e 3 meses dos 388,9 mil ônibus. A entidade que congrega os fabricantes de autopeças avalia que o encarecimento do valor dos veículos novos zero quilômetro devido à incorporação de novas tecnologias de segurança ou antipoluição, além do quadro econômico, não oferecem um cenário que possa alterar essa realidade de forma natural. A renovação de frota, portanto, é indispensável nesse processo, que depende, naturalmente, de políticas públicas, mas também de ações, disposição e cobranças coordenadas e perenes de diversos entes. É o caso do Grupo de Coalisão de Renovação da Frota, que congrega representantes de entidades como a própria ANFIR, Anfavea, Fenabrave e Sindipeças, além de entidades representantes dos trabalhadores. Presidente da Fenabrave desde o começo deste ano, Arcelio Junior é também o atual presidente desse grupo formado há dez anos. Os trabalhos da coalisão foram elencados como prioritários pelo dirigente para seu mandato de três anos à frente da federação de concessionários de veículos
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