Anuário da Indústria de Implementos Rodoviários 2025

50 Com relação às vendas internas, as estimativas são de expansão de 6,6% no mercado de carros e comerciais leves, para 2,65 milhões, e de apenas 1,3% no de caminhões e ônibus, com 149,2 mil emplacamentos este ano, ante os 147,3 mil de 2024. As projeções da entidade das montadoras se baseiam em estimativas de indicadores econômicos como crescimento do PIB, aumento do índice de confiança do consumidor, controle da inflação, juros e câmbio. Igor Calvet, novo presidente da entidade desde 15 de abril, entretanto, aponta, além da imprevisibilidade da economia mundial a partir da deflagração de guerra de tarifas pelos Estados Unidos, a elevação dos juros como inibidor de um melhor desempenho. Ele inclusive já acendeu sinal de alerta para o mercado de caminhões ao afirmar que identificou, ao fim do primeiro trimestre, trajetória de queda nas entregas da categoria de pesados, tradicional alavanca das vendas do segmento, com frequente participação acima de 50% no volume total. No confronto entre os acumulados interanuais, a principal categoria para as aplicações de longas distâncias rodoviárias começou com alta de 7,9%, encerrou o primeiro bimestre com leve baixa de 1,4% e terminou os três primeiros meses em declínio de 7%, de 14,1 mil para 13,1 mil unidades. “Esse desempenho desenha uma tendência preocupante, afinal há uma expectativa de safra recorde que não tem se refletido nas compras”, destaca Calvet. “O cenário inseguro com alta nas taxas de juros, preço de commodities menos atrativos e aumentos nos custos operacionais têm postergado o investimento até agora.” Embora tenha apontado movimento de arrefecimento na categoria de pesados, o mercado de caminhões ainda trafegava em terreno positivo até março, com alta de 4,8%, resultado sustentado pelo crescimento nas vendas de semipesados, médios e leves. A Anfavea chama a atenção, ainda, para o fato de que a elevação das tarifas de importação pelos Estados Unidos pode provocar aumento de capacidade ociosa nos países de origem dos produtos que seguiam para lá, resultando no redirecionamento da oferta para o Brasil e demais mercados da América Latina. Pressões de custos Eduardo Rebuzzi, presidente da NTC&Logística, reconhece que em 2024 o Brasil apresentou estabilidade nos custos operacionais e um mercado relativamente aquecido, mas diz que essa conjuntura não foi suficiente para eliminar a defasagem acumulada nos valores dos fretes ao longo dos anos, estimada em 13%. Um quadro que, segundo ele, se agrava neste início de 2025, diante das pressões sobre os custos decorrentes do aumento do diesel, da transição da reoneração da folha de salários, das variações no ICMS definidas pelo Confaz e das seguidas elevações da taxa Selic. “Para fazer frente a esse quadro, o setor terá de adotar estratégias eficazes de gestão, sem excluir a possibilidade de reajuste dos vaPERSPECTIVAS | OUTLOOK | PANORAMA Igor Calvet, presidente da ANFAVEA © Anfavea

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