Anuário da Indústria de Implementos Rodoviários 2022

58 PRODUÇÃO | PRODUCTION | PRODUCCIÓN Investimentos longos, ganhos rápidos Randon e Librelato vêm fazendo investimentos na manufatura digital ao longo da última década, com resultados já bastante visíveis. Os ganhos de produtividade passam dos 30% nas áreas que foram automatizadas e conectadas à rede de internet das coisas (IoT) da empresa, que permite o monitoramento e controle de máquinas por meio de laptops, tablets e smartphones. Em anos recentes, a Librelato fez duas grandes intervenções tecnológicas em suas fábricas de Santa Catarina. Em outubro de 2021, investiu R$ 10 milhões para instalar na unidade de Içara uma célula de corte da chinesa Hans Laser, de 15 mil watts e totalmente automática, capaz de cortar com ar-comprimido 30 metros de chapas de aço de até 1,5 polegada em apenas um minuto. A máquina já trabalha 24 horas por dia e a única operação manual é o abastecimento dos dez magazines que comportam 30 toneladas de chapas, todo o resto é automático e o processo pode ser controlado pela engenharia on-line, em tempo real. Na fábrica de Criciúma, a Librelato investiu R$ 12 milhões na maior célula de solda robotizada da América Latina, que começou a ser instalada no último trimestre de 2021. Os robôs soldam todas as longarinas e travessas de uma carreta em apenas 30 minutos, substituindo de 35 a 40 soldadores – mão de obra escassa na região – com redução de 35% no tempo de produção, o que viabiliza a fabricação de 25 implementos/dia, aumento de 20% na produtividade. “O investimento é baixo em função do alto retorno”, destaca o diretor Marco Camargo. Segundo ele, sem aumentar a área, os processos digitalizados já garantiram à Librelato capacidade extra de 60 a 70 produtos/mês. O plano é digitalizar todas as linhas de produção, criando o chamado ambiente “gêmeo digital”, em que a fábrica física é toda reproduzida e controlada no ambiente virtual. A Randon pretende fazer o mesmo, já digitalizou e conectou diversos setores industriais. Na planta de Interlagos em Caxias do Sul (RS), a adoção de processos automatizados da Indústria 4.0 garantiu o aumento na produção de 100 para 130 implementos/dia sem necessidade de aumentar a área construída. Na mesma fábrica a Randon investiu R$ 30 milhões em um dos maiores complexos das Américas para corte a laser e armazenamento automatizado de chapas, em uma área de 2,5 mil m2 que abriga 17 estações de processamento e 815 posições de estocagem de peças. O projeto começou em 2018 e a operação foi iniciada em 2020, com reduções de custos da ordem de 30%. “Mapeamos onde a aplicação de processos da Indústria 4.0 é mais eficiente e traz retornos assertivos. Também digitalizamos toda o ambiente de pesquisa, desenvolvimento e engenharia com programas PLM que acompanham o ciclo de vida dos produtos, desde a concepção, passando por compras, manufatura, até distribuição e pós-venda”, explica Sandro Trentin. O próximo grande passo será a inauguração de um centro logístico totalmente automatizado, que vai abastecer de peças as fábricas da Randon. Desde o pedido aos fornecedores, a circulação de peças em transportadores autoguiados (AGVs), até a emissão de notas fiscais e contratação de frete, tudo será feito no ambiente digital, on-line e em tempo real. Os planos também incluem a adoção de robôs colaborativos (trabalham em células ao lado dos operadores), ampliação do centro de estamparia com linhas automatizadas e instalação de novos robôs de pintura. A ideia é implantar a Indústria 4.0 em todas as dimensões da empresa: concepção de produtos, processos de manufatura, vendas e oferta de serviços. “Não são as máquinas que transformam a empresa, mas um conceito de implantação constante de tecnologia alinhada com adoção de processos da Indústria 4.0 e programas PLM. Esse planejamento garante a competitividade no longo prazo”, define Trentin.

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