Anuário da Indústria de Implementos Rodoviários 2017

78 O primeiro passo para uma boa sucessão e profissionalização, assim, é a governança corporativa, termo que corresponde ao sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria. No caso das empresas de capital aberto ainda envolve auditoria independente e conselho fiscal. As boas práticas de governança corporativa aumentam o valor da sociedade, facilitam seu acesso ao capital e contribuem para a sua perenidade. Podemos entendê-la ainda como a estrutura de relacionamentos e correspondentes responsabilidades de sócios, conselheiros e executivos, definida de modo a encorajar as empresas a terem o desempenho econômico como objetivo principal. É valor, apesar de, por si só, não o criar – o que ocorre quando ao lado de uma boa governança existe gestão organizacional eficiente, eficaz e efetiva. Cada empresa tem metodologia de trabalho e cultura próprias. É necessário, assim, além de cultivar, respeitá-las. Quando a empresa é familiar, os valores da família são repassados para a organização. O que se espera é que sejam mantidos e as ações modernizadas ao longo do tempo para adequação ao mercado em que a organização está inserida. O processo de governança corporativa está calcado no fato de que qualquer organização – familiar ou não – seja regida por mecanismo de transparência e confiabilidade que permita que os valores fundamentais da dinâmica empresarial não sejam corrompidos ao longo do tempo. Transparência, equidade e responsabilidade pelos resultados perante fundadores, sócios e herdeiros ajudam a evitar consequências desagradáveis de muitos conflitos típicos de empresas familiares ao longo do tempo. Estima-se que mais de 80% das empresas enfrentam problemas dessa natureza atualmente. A ausência de governança corporativa potencializa conflitos e, muitas vezes, põe em risco a própria sobrevivência de empresas de natureza familiar, que por vezes sofre com a falta de unidade de entendimento do negócio por parte de familiares que estão fora da administração da empresa. Outras vezes com o tratamento distinto entre os familiares com direitos iguais ou ainda a falta de responsabilidade pelos resultados daqueles que estão na administração. A boa governança corporativa proporciona aos sócios a gestão estratégica e a efetiva monitoração da direção executiva. A principal ferramenta que assegura o controle da propriedade sobre a gestão são as ações conduzidas pelo conselho de administração. Há, assim, muitas vantagens de se adotar uma boa governança corporativa:  Reduzir os riscos do processo de sucessão;  Controlar e gerir os negócios familiares por meio de um conselho de administração, assegurando ao fundador o direito de se afastar, paulatinamente, das operações sem comprometer o desempenho e a continuidade da empresa;  Desenvolver treinamento para o sucessor por meio de sua participação no conselho e proporcionar mais estabilidade para a empresa e negócios, não dependendo eminentemente da pessoa do fundador para isso;  Proporcionar aos principais sócios condições de atuação e participação na gestão, não estando, necessariamente, envolvidos nas operações, conduzidas por equipes profissionais;  Melhorar a qualidade da gestão por meio da contribuição de conselheiros da família e conselheiros externos qualificados e reconhecidos no meio empresarial;  Melhora a imagem junto a agentes de mercado – como bancos, fornecedores, parceiros, multinacionais e governo – que não observam com bons olhos a empresa familiar quando ela atinge certo estágio de estagnação e convive com os conflitos familiares. Para garantir que o processo sucessório seja adequado e eficaz, de qualquer modo, é necessário processo de formação do sucessor – conduzido, preferencialmente, pelo fundador – e regras claras para minimizar os conflitos entre parentes, condições essas encontráveis com a governança corporativa.  ARTIGO | ARTICLE | ARTÍCULO

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