60 Os caminhões produzidos no Brasil não devem nada ao que é oferecido emmercados mais maduros. Seja por imposição regulatória ou mesmo pela necessidade do segmento transportador, os fabricantes entregam hoje um avançado conjunto tecnológico capaz de garantir produtividade e rentabilidade nas transferências de mercadorias. Dispositivos de memorização da topografia das rotas para posterior ajuste de marchas, velocidade média e frenagem, recursos de controle de tração e estabilidade, sensores de mudança de faixa e de aproximação do veículo à frente são cada vez mais comuns no produto brasileiro. Mas a evolução que se vê no agente motorizado não poderia ser diferente naquele que propriamente leva a carga: o implemento rodoviário. O uso de novos materiais, a adoção de processos produtivos mais eficientes e precisos, além da constante atualização da engenharia promoveram – e promovem – profícuos saltos tecnológicos. Na média, os rebocados, hoje, por exemplo, pesam 5% menos do que há dez anos. A inovação no segmento também contribuiu para que a tonelada transportada nesse período dobrasse, passando de 25 toneladas para 50 toneladas no mesmo caminhão trator. São argumentos mais que suficientes para apontar o ganho de rentabilidade por viagem entregue ao transportador. Ganhos em todos os lados Os aperfeiçoamentos, contudo, não param e seguem em busca de rebocados mais eficazes para o transporte de carga. Algumas tecnologias já estão nas prateleiras dos fornecedores, embora encontrem entraves na realidade do mercado que empatam seus usos em maior escala. São notórios os benefícios proporcionados pela adoção da suspensão pneumática nos semirreboques. Por absorver melhor as irregularidades do piso, os conjuntos que utilizam bolsas de ar têm menor desgaste dos pneus, reduzem o consumo de combustível, agilizam a manutenção como também minimizam seu custo, além de protegerem a carga de eventuais avarias durante a viagem. “Em geral é um item capaz de tornar a operação do transporte de carga mais segura e com menores custos para o transportador”, resume Esdânio Pereira, diretor da divisão de suspensões da Suspensys, empresa do Grupo Randon. Apesar da superioridade técnica da suspensão pneumática se comparada à solução convencional, estima-se que no Brasil sua participação na frota de implementos seja de 10% a 20%, enquanto na Europa está presente em 95% das composições. O diretor da Suspensys, no entanto, lembra que a oferta da tecnologia no País é relativamente recente, em torno de quinze anos, mas cresce a cada ano e isso contribuirá também para a redução dos preços. Na sua empresa, afirma Pereira, a tecnologia já responde por volta de 15% dos rebocados produzidos em Caxias do Sul (RS). Kimio Mori, responsável pelo desenvolvimento estratégico da fabricante de implementos Noma, aponta ainda a falta de informação do segmento transportador como um fator inibidor para que a participação da suspensão pneumática avance no mercado: “Existem alguns mitos que precisam ser derrubados. Tem muita gente no setor que ainda acredita que a tecnologia é frágil, que as bolsas estouram com sobrecarga, que furam facilmente e que torna a composição menos estável. Tudo bobagem. É justamente o oposto”. A manutenção, aliás, é outro ponto a favor da suspensão a ar. Além da facilidade e rapidez de substituir as bolsas, não exige lubrificação. “Qualquer pessoa é capaz de trocar”, simplifica Mori. “Ao contrário da quebra de uma suspensão metálica que deixa o implemento mais tempo parado na oficina.” Vem mais por aí Os dois executivos lembram ainda que as suspensões pneumáticas trazem benefícios diretos à infraestrutura do País. Por apresentar TECNOLOGIA | TECHNOLOGY | TECNOLOGÍA
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