24 CONJUNTURA | THE BUSINESS | CONTEXTO ECONÓMICO palpável no início de 2018. E os fabricantes de caminhões seguem às voltas com ociosidade média de espantosos 80% atingidos em 2016. Os números do primeiro bimestre de 2017 dão bem a dimensão do que as montadoras têm enfrentado. Os emplacamentos ficaram aquém de 5,6 mil unidades no período, o pior resultado desde 1993 e 32,8% abaixo do registrado nos dois primeiros meses de 2016. “Os transportadores ainda estão se valendo de veículos comprados nos últimos dois anos e que estavam parados no pátio”, justifica o presidente da Anfavea. José Antonio Fernandes Martins, presidente do Simefre, Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários, mostra-se um otimista moderado, após a recente elevação da nota de negativa para estável do Brasil pela agência de risco Moody’s, que justificou a mudança “pela convergência da inflação à meta, melhora da perspectiva fiscal e do ambiente institucional e números mais positivos da Petrobras”. “Nota-se uma melhora do índice de confiança dos empresários, e isso tende a mostrar uma leve e pequena tendência da retomada gradual do setor industrial e da atividade econômica como um todo”, diz Martins, ponderando, porém, que esse ambiente de recuperação ainda não surgiu no setor de transporte de carga e passageiros pelos números do primeiro bimestre de 2017. O presidente do Simefre recorda ainda que o elevado custo do dinheiro segue como inibidor dos negócios. “As taxas de juros do Finame, embora sejam de 9,5% ao ano, são fortemente impactadas pelos spreads dos agentes financeiros, alcançando absurdos 5% a 7% ou até mais. Isso resulta em taxa final de financiamento de 15% ou até 17% e não há tarifa para carga que possa cobrir custos tão elevados.” Ambiente mais favorável O quadro, contudo, poderá ficar mais favorável caso a taxa Selic mantenha a atual tendência de queda e chegue a algo abaixo de 10% no final do ano, também com a inflação confirmando a expectativa de permanecer por volta de 4,5%. Neste caso, diz o presidente do Simefre, começa a se desenhar um horizonte de juros mais adequados para aquisição dos equipamentos de transporte. “Não queremos criar um clima de otimismo irreal, mas a lógica nos leva a crer que a partir do segundo semestre, com as medidas econômicas que estão sendo colocadas em prática, deverá surgir um ambiente favorável para um crescimento ainda bastante lento, mas sustentável.” Embora aposte que o Brasil encerrará o ano com algum crescimento, Martins prefere não dar números ou porcentuais estimados para produção ou demanda. O cenário nacional ainda em transformação não permite formalizar quaisquer conjecturas, justifica. A corroborar com esse potencial cenário estão ainda o consistente crescimento do comércio exterior, das exportações de equipamentos de transporte da ordem de 10% e a José Antonio Fernandes Martins Simefre © SIMEFRE
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