Anuário da Indústria de Implementos Rodoviários 2017

21 qualquer bom sinal que pudesse ser gerado por um ou outro setor, como o agronegócio. Braga recorda que nem mesmo mecanismos importantes como a linha de financiamento do BNDES destinada aos setores produtores de bens de capital, o Finame, ajudou. No ano passado as operações pela modalidade representaram custo anual do dinheiro de até 18%. A equação praticada estipulava duas faixas de juros em um mesmo financiamento. A primeira incidia sobre 50% e 60% do financiamento, respectivamente para grandes e PME - Pequenas e Médias Empresas. Já a segunda era aplicada até o teto de 90%, mas calculada com base em vários índices. “Essa equação complexa acabou por encarecer em demasia as operações de crédito. A ANFIR defendeu ao longo do ano a adoção de uma nova regra, mais simples e de custo final menor, o que teria minimizado os efeitos perversos da crise sobre o setor.” Recuperação modesta Alcides Braga, contudo, projeta crescimento do mercado interno de implementos em 2017. Algo como 10% sobre os números de 2016. Lembra, porém, que a base comparativa é baixa e, enfatiza, “na prática, esse avanço é uma recuperação modesta diante das perdas acumuladas pelos fabricantes de implementos rodoviários”. O que pode motivar essa ligeira melhora, no entender de Braga, é a esperada estabilização da economia, com PIB voltando a ter variação positiva, o encaminhamento de novos projetos de infraestrutura, além da safra recorde, dentre outros. Antonio Megale, presidente da Anfavea, Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, compartilha da visão de Braga com relação à volta do crescimento das vendas em um ritmo ainda lento. Projeta 10% para 2017 e enumera alguns fatores para isso: queda das taxas de juros, inflação próxima ao centro da meta, safra recorde de grãos e PIB crescendo pouco no ano, perto de 0,5%, mas crescendo. Mas para o presidente da Anfavea um quadro mais favorável e sustentável do setor depende de ações governamentais com reflexos mais duradouros: “O crescimento da economia tem que se dar não pelo consumo, mas por meio de grandes investimentos. Até porque o nível de desemprego continua elevado e a confiança do consumidor não retornou a um índice satisfatório”. Para isso, afirma o executivo, o governo teria que colocar em prática ao menos parte do que já anunciou: “Precisamos das grandes concessões rapidamente. Seria uma oportunidade não só para o setor de transporte como para todo o País, pois envolvem estradas, grandes obras e portos, por exemplo. Está na hora desses planos saírem das apresentações e entrarem em prática. O Brasil já tem anúncios de projetos demais. Precisa começar a rodar”. A urgência exigida por Megale se justifica. O impacto na economia dessas obras demandaria alguns meses, seriam percebidos no transcorrer do segundo semestre ou de forma mais Antonio Megale Anfavea © João Luiz Oliveira - Tecnifoto | Anfavea

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