ISSN 2236-2096
Anuário da Indústria de Implementos Rodoviários - 2015 Brazilian Road Implements Industry Yearbook - 2015 ISSN 2236-2096 uma publicação da / published by ANFIR - Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários Rua Conselheiro Saraiva, 306 Conjunto 55 - Santana 02037-020 - São Paulo - SP - Brasil Tel. (11)2972-5577 • Fax: (11)2972-5570 www.anfir.org.br
Diretoria/Board of Directors Presidente/President: Alcides Geraldes Braga (Truckvan) 1º vice-presidente/1st vice-president Norberto Fabris (Randon) 2º vice-presidente/2nd vice-president José Carlos Vidoti (Facchini) 3º vice-presidente/3rd vice-president José Carlos Spricigo (Librelato) Tesoureiro/Treasurer Leonardo Toigo Rossetti (Rossetti) Conselho de Administração/Management Board Presidente/President: Kimio Mori (Noma) Conselheiros/Directors Lauro Pastre Junior (Pastre) José Carlos Vidoti (Facchini) Emilio Medeiros (Fibrasil) Roberto Vergani (Guerra) Fabian Lisboa Marcon (Kronorte) José Carlos Spricigo (Librelato) Norberto Fabris (Randon) Leonardo De Vincenzo Filho (Rodofort) Leonardo Toigo Rossetti (Rossetti) Alcides Geraldes Braga (Truckvan) Unirio Nestor Dalpiaz (Linshalm) Devanir Martins da Costa (Ibiporã) Conselho Fiscal/Audit Committee Conselheiros/Directors Heberson Cosso (Labor) Valeri Antonio Pertile (Rodotécnica) Clóvis Coletta Caram (Tankar) Gelson Susin (Dambroz) Diretor Executivo/Executive Director Mário Rinaldi Diretoria - 2015/2018 Board - 2015/2018
6 2015 Índice Index
7 2015 A palavra do Presidente Superar as dificuldades 8 A Message from the President Overcome difficulties 8 Editorial 35 anos de estrada 10 Fron the Editors 35 years on the road 11 Institucional Fazendo história 14 Institutional Making history 23 Produto Meio de transporte seguro 26 Product Safe means of transport 34 Desenvolvimento Forças que movem o setor 36 Development Forces that move the sector 41 Artigo Tendências da indústria (José Antonio Fernandes Martins) 42 Article Industry trends (José Antonio Fernandes Martins) 47 Seguro Proteção tem custo. Porém variável. 50 Insurance Protection comes at a cost, albeit variable 56 Operação Vida saudável do implemento 58 Operation Implement healthy life-cycle 62 Negócio Nova tricheira de mercado 64 Business A new market space 68 Manutenção Mais rodagem, menor custo 72 Maintenance Higher mileage at a lower cost 76 Recursos hídricos Racionalidade e criatividade 78 Water resources Rationality and creativity 82 Varejo Critérios técnicos 84 Retail Technical criteria 89 Logística Carga para todos 90 Logistic Cargo for all 96 Artigo Quando o futuro chegará (Edson Carillo) 98 Article When will future come? (Edson Carillo) 100 Responsabilidade social Além da obrigação 102 Social responsibility Beyond the obligation 110 Tecnologia Braço na atualidade, cabeça no amanhã 114 Technology Working in the present, thinking of the future 118 Panorama Implementos rodoviários em números Overview The numbers of road implements industry 120 Artigo Reflexos da política econômica (Diego Machado) 130 Article Effects of the Economic Policy (Diego Machado) 135 Sucessão Pai rico, filho nobre, neto pobre (Domingos Ricca) 138 Succession Rich dad, noble son, poor grandson. (Domingos Ricca) 141 Empresas associadas O mapa da Indústria Brasileira de Implementos Rodoviários Member companies The map of Brazilian Road Implements Industry 144 Entidades Entidades brasileiras de relacionamento do setor Brazilian Brazilian entities of road implements industry network 218 Anunciantes Empresas que prestigiam e viabilizam a realização desta edição Advertisers Companies that give prestige and make possible the realization of this edition 221
8 2015 Superar as dificuldades Overcome difficulties A palavra do Presidente A Message from the President
9 2015 No ano em que a ANFIR celebra seus 35 anos, a indústria de implementos rodoviários enfrenta uma crise forte na economia brasileira. O desaquecimento das vendas está presente desde janeiro e muitas empresas deverão realizar balanços negativos. Para alguns, seria o pior momento para se celebrar o aniversário da entidade. Mas não é. Situações difíceis já foram enfrentadas no passado. Algumas motivadas pela falta de reconhecimento do setor como peça fundamental do desenvolvimento do Brasil, e outras, pelo descompasso da economia. No caso da primeira, já pertence ao passado distante o tempo em que o setor era desconhecido. Ao contrário, ao longo desses 35 anos de trabalho a ANFIR soube apresentar o segmento, ocupar seu espaço devido perante governos e mercado e consolidar a imagem da indústria de implementos rodoviários como indicador de crescimento econômico nacional. A respeito do descompasso da economia, não é a primeira vez que isso acontece. Um desequilíbrio dos negócios da magnitude do atual é, de fato, um problema, mas não representa o fim. Por acreditar que os obstáculos existem para ser superados, a indústria de implementos rodoviários segue com alguns de seus planos institucionais de grande porte. Um deles é participar da edição 2015 da Fenatran. O outro é manter a edição do presente anuário como principal fonte de informação a respeito do setor. Em três décadas e meia de existência conquistamos perante o mercado uma posição de extrema importância dentro de todo o sistema logístico brasileiro de distribuição de insumos e mercadorias acabadas e semiacabadas sem chance de retrocesso. Ser responsável pelo transporte seguro de mais de 60% de todas as mercadorias que circulam pelo território nacional é uma tarefa que as empresas de implementos rodoviários continuarão realizando, superando crises e alcançando a excelência em suas operações. Por mais 35 anos e além. In the year that ANFIR celebrates its 35 years of existence; the roadway equipment industry faces a tough crisis in the Brazilian economy. A deceleration in sales has been a reality since January, and many companies should prepare negative balance sheets for this year. This could be, for some of us, the worst moment to celebrate the anniversary of our entity. But it’s not. The roadway equipment industry has already faced difficult situations in the past. Some of which were motivated by the lack of acknowledgement of the industry as a centerpiece in the development of the country, while others are associated with the current imbalance in economy. In the first case, those times when the industry was unknown are already in the past, and it is where they should remain: in the distant past. Throughout these 35 years of work, ANFIR knew how to introduce the segment, knew how to reach its position before governments and the market, as well as to consolidate the image of roadway equipment industry as a national economic growth indicator. With regard to the economic imbalance, this is not the first time it happens. A business imbalance of such magnitude is indeed a problem, but it certainly does not stand for the end of the industry. Believing that the obstacles are there to be overcome, the road equipment industry keeps up with some of its greatest institutional plans. One of which is to participate in the 2015 Fenatran. Another plan is to maintain the edition of the current Yearbook as the main information source regarding the industry. In our first 35 years of existence, we have attained a position of utmost importance before the market and within the entire Brazilian logistics distribution system of inputs and finished and semi-finished goods, and there is no coming back from there. Being responsible for the safe transport of more than 60% of all goods moving around the country is a task that the industry will continue performing, overcoming crisis and achieving excellence in its operations. To more 35 years and beyond. Alcides Braga Presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários, ANFIR President of Brazilian Association of Road Implements Manufacturers, ANFIR
10 2015 Para entender a importância da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários nesses trinta e cinco anos é preciso conhecer um pouco da trajetória da produção de caminhões e da industrialização de implementos no Brasil. A primeira fábrica de caminhões foi inaugurada no País em 1920. Em nove décadas e meia o transporte de carga via terrestre ganhou importância. E outras grandes marcas mundiais se instalaram Brasil. Com o segmento de implementos a história seguiu um curso diferente graças à coragem de brasileiros natos e de imigrantes recém-chegados, que aprenderam o ofício de construir carrocerias aos poucos e por conta própria. Inicialmente, sem incentivos governamentais e sem amplos conhecimentos técnicos (apenas com o básico), eles criaram pequenas oficinas e aceitaram o desafio de fazer a reparação das carrocerias existentes no mercado. Serviço fundamental, pois as montadoras não dispunham de rede de assistência técnica fora dos grandes centros. Algum tempo depois, quando os mecânicos praticamente haviam dominado as técnicas de manutenção, a “carga” de trabalho tornou-se maior e mais sofisticada. Outra vez, em decorrência da necessidade de mercado, eles “tiveram de aprender” a construir as primeiras unidades, ainda de maneira semiartesanal. Equipados de coragem e dotados de um empreendedorismo latente, os jovens empresários mudaram o rumo de seus negócios e iniciaram nova trajetória, agora no sentido da industrialização. As primeiras fábricas do segmento no País surgiram no final da década de 1940. Os fatos comprovam que os empresários foram bem sucedidos, pois muitos deles construíram empresas e produtos com marcas “Made in Brazil”, porém, respeitados mundialmente! Mas, o setor ainda não obtinha o devido reconhecimento no Brasil, inclusive por parte de autoridades, muitas das quais achavam que a carroceria era produzida pelo fabricante de caminhão. Por esse e outros motivos os empresários se uniram e criaram a ANFIR em 22 de maio de 1980. Assim como as fábricas, a entidade ganhou importância no cenário nacional e internacional. A ANFIR se caracterizou por atuar não somente em prol das suas associadas mas, por participar de decisões importantes para a legislação de trânsito e por contribuir para a melhoria da segurança do transporte no Brasil. Os editores 35 anos de estrada Editorial From the Editors
11 2015 35 years on the road To understand the importance of the National Association of Roadway Equipment Manufacturers over these 35 years, it is necessary to know some of the history regarding the production of trucks and equipment industrialization in Brazil. The first truck factory in the country was opened in 1920. In nine and a half decades, the road freight transport has grown in importance. And other major global brands have settled in Brazil. With the segment of road equipment, the history has followed a different course thanks to the courage of native Brazilians and recent immigrants, who learned how to build bodies gradually and on their own. At first, and with no government incentives or extensive technical knowledge (with only the basics), they have created small workshops and took on the challenge to repair the already existing bodies in the market, which is an essential service, because the automakers did not have any technical assistance network outside major centers. Some time later, when the mechanics had virtually mastered the maintenance techniques, the workload became more and more sophisticated. Once again, due to market needs, they “had to learn” how to make the first units which were partly hand-assembled. Equipped with courage and endowed with a latent entrepreneurship, the young entrepreneurs changed the course of their business and started a new trend towards industrialization. The first factories of the segment in the country appeared in the late 1940s. The facts confirm that entrepreneurs have been successful, as many of them have built companies and brands with products “Made in Brazil” esteemed worldwide! But the industry had not yet achieved due recognition in Brazil, not even from the authorities, many of whom thought that the body was produced by the truck manufacturer! For all that, entrepreneurs got together and created ANFIR on May 22, 1980. As well as the factories, the organization has gained importance in the national and international scenario. ANFIR distinguishes itself for acting not only on behalf of its members, but also for participating in important decisions for traffic legislation and for contributing to the improvement of transport safety in Brazil. The Editors
p e r f i s p a r a a c e s s ó r i o s e p e r f i s e s t r u t u r a i s c h a p a s e f o l h a s p a r a r e v e s t i m e n t o
www.vmetais.com.br l i g a s p a r a r o d a s e p e ç a s f u n d i d a s Leveza, resistência e economia. A Votorantim Metais coloca tudo isso na estrada. Alumínio para implementos rodoviários. a Votorantim Metais é uma das maiores produtoras de alumínio da américa latina e referência no setor de transportes. uma empresa brasileira que tem como objetivo crescer com responsabilidade, gerando desenvolvimento e agregando valor aos seus negócios e clientes, capaz de oferecer soluções completas e um amplo portfólio de produtos para a indústria de implementos rodoviários.
14 2015 A ANFIR foi criada há 35 anos para defender os interesses das associadas. Mas, ganhou notoriedade e respeito ao assumir responsabilidades mais amplas, como a participação na elaboração de leis de trânsito no Brasil, de normas que determinam maior segurança nos implementos rodoviários e ao criar um selo que atesta a legalidade das empresas do setor. Institucional Institutional
15 2015 Fazendo história
16 2015 O mundo vive em constantemente mutação, mas, de tempos em tempos alguns acontecimentos são marcantes por quebrar paradigmas e ampliar as possibilidades de avanço social, tecnológico, cultural... Nesse sentido os anos 1980 foram progressistas para o segmento de tecnologia da informação, com o início do uso do computador pessoal (PC) e do incremento da telefonia, fatos que posteriormente permitiram caracterizar o período como “o berço da era da automação”. No Brasil o começo da década também se caracterizou pela efervescência gerada pelos movimentos de trabalhadores da região do ABC paulista. Reivindicações que culminaram em greves, prisões e agitações políticas. Esses acontecimentos se tornaram instrumento de pressão e influenciaram a troca do governo militar por um civil (em 1985 Tancredo Neves foi escolhido pelo Congresso Nacional para ser presidente da República) e em eleições diretas (com vitória de Fernando Collor, em 1989). Nesse cenário de muitas incertezas e algumas perspectivas, ainda no início da década nasceu a Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (ANFIR), em 22 de maio de 1980, na cidade de Caxias do Sul (RS). “Até então não existia um órgão que representasse o segmento, que crescia consideravelmente. Por iniciativa das principais implementadoras da época foi realizada a primeira reunião que daria origem à Associação”, relembra Marcos Guerra, diretor da Guerra Implementos Rodoviários e um dos protagonistas da história da ANFIR, posto que foi o seu terceiro presidente. O quadro de associados era composto por Biselli, Cabrini, Cargo-Van, Dambroz, FNV-Fruehauf, Furglas, Guerra, Iderol, Krone, Randon, Recrusul, Rodoviária e Trivelatto. Marcos Guerra conta que através da Raul Anselmo Randon 1980 - 1986 Vasco Antonio Rossetti 1986 - 1988 Marcos Guerra 1988 - 1991 Sérgio Antonini 1991-1994 Institucional Institutional Os presidentes da ANFIR
17 2015 Lauro Pastre Junior 1994 - 1997 | 2003 - 2006 Cláudio Roberto Mugnol 1997 - 2003 (In memoriam) Rafael Wolf Campos 2006 - 2009 | 2009 - 2012 Alcides Geraldes Braga 2012 - 2015 | 2015 - 2018 The ANFIR presidents associação os industriais de implementos se organizaram e passaram a fazer reivindicações junto ao governo, obter assessoria em questões técnicas e jurídicas, debater normatizações de produtos, buscar linhas de crédito. “Com a consolidação da ANFIR, o setor de implementos rodoviários ganhou representatividade e maior desenvolvimento”, afirma. Outro importante empresário da indústria de implementos, Lauro Pastre conta que sua empresa se associou à entidade em 1982, quando a sede foi transferida de Caxias do Sul (RS) para São Paulo (SP). O objetivo era a necessidade de estar junto de uma entidade de classe nacional para representar e defender os interesses do setor que até então tinha pouca representatividade. Nos primeiros anos de existência uma das principais funções da ANFIR era construir relacionamentos com a sociedade e pôr em prática um eficiente programa de comunicação, pois, fora do segmento automotivo, poucas pessoas sabiam da existência da indústria de implementos do Brasil. “A impressão predominante, inclusive junto ao poder público, era que o fabricante do caminhão também fazia a carroceria. O veículo era visto como um todo, produzido somente pela montadora”, conta Mário Rinaldi, diretor executivo da ANFIR. Essa falta de conhecimento resultava em desvantagem para as indústrias em relação a outros setores produtivos, até mesmo quando tentavam obter financiamento dos bancos privados ou no momento de serem incluídas nos programas de incentivo do governo, uma vez que o segmento, mesmo quando era “visto”, ainda era considerado secundário. Coube ao empresariado do setor, unido por meio da ANFIR, quebrar esse estigma e mostrar a realidade do parque industrial de implementos rodoviários do País. Apesar das dificuldades àquela altu-
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SEGURANÇA AVANÇADA DIREÇÃO EFICAZ Steering Axle Lock Bloqueio automático do eixo direcional. Ideal para manobras de marcha à ré Freio ABS O ABS além de evitar o bloqueio das rodas durante uma frenagem de emergência, mantém a dirigibilidade do veículo. RSS (Sistema de prevenção ao tombamento) Sistema que auxilia a prevenção do capotamento SmartBoard Sistema simples e rápido para obter informações sobre as condições do freio e da suspensão dos semirreboques TailGuard Monitoramento constante quando há movimento de marcha à ré. Acionamento automático dos freios (quando necessário e ao se ultrapassar o limite mínimo de segurança definido) OptiTurnTM Otimiza manobras realizadas em áreas com limitação angular 1 2 3 5 6 4 WABCO. 35 anos de estradas brasileiras com qualidade, profissionalismo e tecnologia. 1 2 3 5 6 7 9 8 10 11 12 13 4
20 2015 ra já desfrutava de ótimo conceito junto às próprias montadoras e havia se tornado conhecido até mesmo no exterior. À medida que avançava nas conquistas e em credibilidade, a ANFIR atraia novos associados. A Rodofort, por exemplo, fundada em 2005, se associou com apenas três anos de existência. Opção pela segurança Aos poucos, as metas foram alcançadas. Depois da missão institucional cumprida a ANFIR redirecionou sua atuação. “Na última década o foco passou a ser em segurança”, relembra Mário Rinaldi. “A diretoria desenvolveu programas e se colocou à disposição para colaborar com os setores públicos no desenvolvimento de produtos e da legislação que tornassem os implementos mais seguros tanto para os ocupantes dos caminhões quanto para os outros veículos e pedestres”, conta. Essa postura proporcionou grandes avanços, mas, também, aumentou as responsabilidades sociais. Por exemplo, a entidade tornou-se mantenedora do Comitê Brasileiro 39 (CB 39), da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que cria as terminologias, requisitos, métodos de ensaios e generalidades para o implemento rodoviário brasileiro. Uma parceria com o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) transformou a ANFIR em canal de inserção do código Renavam dos produtos recém- -criados. “Atualmente esse processo é totalmente automatizado, o fabricante não enfrenta burocracia nem perde tempo”, garante Mário Rinaldi. “Basta preencher o formulário e enviar por e-mail que fazemos o registro em poucos segundos”. A ANFIR também participa da Câmara Temática de Assuntos Veiculares, do Institucional Institutional Parabenizo a ANFIR pelos 35 anos de atuação no mercado brasileiro. A entidade mostrou, ao longo de sua história, capacidade, esforço e responsabilidade em prol do segmento de implementos rodoviários e é uma importante parceira da ANFAVEA. Desejo ainda mais sucesso para os próximos anos e tenho a convicção que trabalharemos juntos pelo desenvolvimento da indústria no Brasil. Luiz Moan Yabiku Junior, presidente da ANFAVEA A Anfir vem trabalhando com muita eficiência em seus 35 anos de trajetória, não só no apoio aos seus associados, mas também na parceria para temas sensíveis ao setor do TRC. Sempre que procurei pelo Alcides, encontrei o respaldo da Associação, podendo citar, principalmente, o grande apoio para a Fenatran, importante Feira do setor. Mais recentemente, a Anfir mostrou-se decisiva para a realização da primeira Fenatran Centro-Oeste, em Goiânia, região em que o segmento de transportes é um dos mais representativos no crescimento econômico. Enfim, acredito que a Associação e seus associados tendem a crescer a cada ano em importância e atuação, e tenho orgulho em participar da história de um setor que é constituído por entidades voltadas ao bem coletivo e ao desenvolvimento do país. José Hélio Fernandes, presidente da NTC&Logística
21 2015 Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), e assessora o Conselho Nacional de Trânsito (Contran), órgão que cria leis e normas que regulamentam os parâmetros para o tráfego de veículos no Brasil. O sistema de freio ABS e as proteções de carrocerias laterais e traseiras, que evitam que automóveis, motocicletas, bicicletas e pessoas sejam projetadas para baixo dos veículos, foram indicações da ANFIR para melhorar a segurança. As sugestões, acatadas, se tornaram normas e hoje todos os fabricantes de implementos nacionais devem cumpri-las. Os avanços no relacionamento com os órgãos públicos ganharam celeridade com a instalação de um escritório da ANFIR em Brasília (DF), em 2012. “A partir daí estivemos mais presentes e passamos a ser convidados a opinar em assuntos importantes”, revela o diretor executivo. No âmbito interno a ANFIR criou o Selo de Conformidade ANFIR, que expõe para a sociedade a situação legal das empresas do setor. Ele é concedido somente às empresas que comprovam estar emdia com todas as tributações. Não é obrigatório, nemmesmo para o associado, porém, a indústria que quiser adquiri-lo tem de se submeter a auditoria externa e comprovar sua situação legal. Por todas as realizações a ANFIR conquistou respeito e reconhecimento de seus associados. “Ao longo dos 35 anos, a ANFIR se transformou de uma associação de pequeno grupo de concorrentes, numa grande entidade de classe. Tenho orgulho de fazer parte dessa história”, ressalta Lauro Pastre. Com a associação, “o Setor ganhou representatividade nível nacional”, reconhece Leonardo De Vincenzo Filho, diretor de Vendas e Marketing da Rodofort. Ele conta que a empresa se associou com objetivo de “fortalecer e criar normas para o segmento”. E reconhece que não somente sua empresa, mas todo o segmento de implemto rodoviário “ganhou maior representatividade em nível nacional”. Marcos Guerra expressa sua satisfação ao dizer que a empresa ainda conta com membros no conselho de administração e coordenação de comissão técnica da ANFIR. 35 anos depois da criação da ANFIR o mundo continua mudando. A maior preocupação agora já não é tecnologia, mas a sustentabilidade do planeta, tanto no plano ambiental quanto no social. Atenta à realidade, a ANFIR abriu espaço para discussões a respeito da água e para os programas sociais das empresas do setor, nesta edição do Anuário, Veja, no Box entrevista do atual presidente, Alcides Braga, sobre o passado e o futuro da ANFIR. A ABNT se sente honrada em ser parceira da Associação Nacional dos fabricantes de Implementos Rodoviários (ANFIR), nesses 16 anos de parceria com a criação do Comitê Brasileiro de Implementos Rodoviários (ABNT/CB-39), buscando sempre aperfeiçoar a normalização no campo dos implementos rodoviários, compreendendo reboques, semi-reboques, carroçarias para caminhões e contêineres, no que concerne à terminologia, requisitos, métodos de ensaios e generalidades. Parabéns ANFIR pelos seus 35 anos de muito empenho em seus trabalhos. Pedro Buzatto Costa, presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
22 2015 Institucional Institutional Balanço e perspectivas Atual presidente da ANFIR, Alcides Braga fala das realizações e do futuro da entidade Senhor Alcides Braga, a ANFIR cumpriu sua função nesses 35 anos? Com toda certeza que sim. A entidade surgiu para representar um dos setores mais importantes da economia brasileira, presente em praticamente todas as operações dos demais segmentos – direta ou indiretamente – e responsável pela movimentação de mais de 60% de todas as mercadorias que transitam por terra no Brasil. Qual é o conceito que a entidade desfruta junto aos governos, sociedade e imprensa? Eu posso afirmar sem sombra de dúvida que a ANFIR chega aos 35 anos com a imagem consolidada como entidade que representa os interesses legítimos de uma parcela significativa da indústria brasileira. Em quais setores, órgãos públicos se faz representar atualmente? A ANFIR como entidade representativa de uma parcela da indústria cumpre seu papel de interlocutora com o governo e por isso mantém diálogo constante com os ministérios da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior, Transportes, Agricultura e Desenvolvimento Agrário, além de outros organismos ligados a eles como BNDES, Denatran entre outros. Quais são as recentes conquistas da ANFIR que beneficiam os associados, o setor de transporte e/ou a sociedade em geral? Algumas conquistas, como as regras fixas e taxas de juros para o PSI/Finame em 2014, foram obtidas em conjunto com entidades parceiras. Outras, no campo técnico, que incorporam equipamentos como freios ABS nos reboques e semirreboques por exemplo, foram resultado do trabalho da ANFIR em favor da melhoria contínua do transporte rodoviário de cargas. Quais são as principais metas no curto e no médio prazos? Seguir dialogando com o governo para estabelecer um ambiente que permita o bom andamento dos negócios que, como se sabe, refletem o desempenho da economia em geral.
23 2015 Making history ANFIR was created 35 years ago in order to safeguard the interests of its members. But the institution has gained notoriety and respect in taking on greater responsibilities, such as participation in the preparation of traffic laws in Brazil, of regulations that determine increased safety in road equipment and upon creating a stamp that certifies the legality of the companies of the industry. The world is constantly changing, but, occasionally, some events are striking for breaking paradigms and expanding the possibilities of social, technological and cultural progress, among others. In this sense, the 1980s were truly forwardlooking for the information technology segment, with the beginning of the use of the personal computer (PC) and the rise of telephony, facts that, later, allowed characterizing the period as “the cradle of the automation era.” In Brazil, the beginning of the decade was also characterized by the frenzy generated by the movements of workers from the ABC region of São Paulo. Claims that resulted in strikes, arrest and political unrest. These events have become a way of pressuring the government, and influenced the change in government system - from military to civil (in 1985, Tancredo Neves was chosen by Congress to be the President of the country) and direct elections (with the victory of Fernando Collor in 1989). In this scenario of many uncertainties and some perspective, still at the beginning of the decade, the National Association of Roadway Equipment Manufacturers (ANFIR) arose on May 22, 1980, in the city of Caxias do Sul (RS). “There wasn’t, until then, a body representing the segment, that grew considerably. On the initiative of the main equipment manufacturers of that time, the first meeting that would lead to the Association took place”, recalls Marcos Guerra, Head of Guerra Implementos Rodoviários and one of the centerpieces in the history of ANFIR, since he was the third Chairman of the Association. The associate board consisted of Biselli, Cabrini, Cargo-Van, Dambroz, FNV-Fruehauf, Furglas, War, Iderol, Krone, Randon, Recrusul, Rodoviária and Trivelatto. Marcos Guerra says that, through the association, the executives of road equipment industry organized themselves and began to make claims against the government, to obtain advice on technical and legal issues, to discuss standardization of products, to seek credit lines. “With the consolidation of ANFIR, the road equipment industry acquired greater market share and further development”, he says. Another important entrepreneur of the road equipment industry, Lauro Pastre says his company joined the organization in 1982, when the headquarters was transferred from Caxias do Sul (RS) to São Paulo (SP). The goal was the need to be side by side with a national professional association to represent and safeguard the interests of the industry which, till then, had little representation. In its early years, one of the main functions of ANFIR was to build up relationships with society and implement an effective communication program, because, outside the automotive industry, few people knew of the existence of equipment industry in Brazil. “The prevailing impression, even before the government, was that the truck manufacturer also manufactured the body. The vehicle was seen as a whole, produced only by the manufacturer”, says Mario Rinaldi, CEO of ANFIR. This lack of knowledge resulted in disadvantage to the industry comparing to other production sectors, even while trying to take out a loan from private banks or when included in government incentive programs, since the segment — even when it was “perceived” — was still considered secondary. It was left to the business community of the industry, united by ANFIR, to overcome this stigma and show the reality of the industrial facilities of road equipment in the country. Despite all difficulties, the Association, by then, already enjoyed good reputation among the manufacturers themselves, and had become known even abroad. ANFIR attracted new members, as they pro-
24 2015 Institucional Institutional gressed in their achievements and credibility. Rodofort, for example, founded in 2005, joined the association with only three years of existence. Security choice The goals were achieved gradually. After the institutional mission has been fulfilled, ANFIR redirected its activities. “Over the past decade, the association began to focus more on security,” recalls Mario Rinaldi. “The board has developed programs and stood ready to collaborate with the public sector in the development of product and legislation that would make the road equipment safer both for the occupants of trucks and for other vehicles and pedestrians”, he says. This attitude has provided great advances, but also increased social responsibilities. For example, the entity has become sponsor of the Brazilian Committee 39 (CB 39), of the Brazilian National Standards Organization (ABNT) that creates terminology, requirements, test methods and generalities for the Brazilian roadway equipment. A partnership with the National Traffic Department (Denatran) turned ANFIR into a Renavam (National Registry of Vehicles) code insertion channel of the newly created products. “This process is now fully automated, the manufacturers neither face bureaucracy nor waste time”, guarantees Mario Rinaldi. “They just fill out the form and send it by e-mail, so we make the registration in a few seconds.” ANFIR also participates in the Thematic Chamber of Vehicular Affairs, of the National Traffic Department (Denatran), and advises the National Traffic Council (Contran), a body that creates laws and regulations governing parameters for vehicle traffic in Brazil. The ABS brake system and the side and rear body guards, which prevent cars, motorcycles, bicycles and people from being thrown to the underside of the vehicles, were indications of ANFIR in order to improve safety. The suggestions - which were followed - have become standards and, today, all national equipment manufacturers must comply with them. Advances in the relationship with public agencies gained speed with the implementation of an ANFIR office in Brasilia (DF), in 2012. “Since then, we have been more present and started being invited to give our opinion on important issues”, says the CEO. I hereby congratulate ANFIR for its 35 years of effective performance in the Brazilian market. The entity has shown, throughout its trajectory, much effort and sense of responsibility for the benefit of roadway equipment segment, acting as a key partner of ANFAVEA. I wish this company even greater success in the coming years, and I am convinced that we will be working together for the development of the industry in Brazil. Luiz Moan Yabiku Junior, president of ANFAVEA Over its 35 years of history, ANFIR has been working quite efficiently not only supporting its members, but also acting as a partner on issues that are sensitive to the Freight Road Transport industry. Whenever I called Alcides, I found the support of the Association – and I can mention, particularly, the great support for FENATRAN, a very important trade show in the industry. More recently, ANFIR proved to be an essential and decisive part to implement the first Fenatran Centro-Oeste, in Goiânia, a region where the transport industry is one of the most representatives in the economic growth. Finally, I believe that the Association and its members tend to grow annually in terms of importance and performance. I am very proud to be part of the story of an industry which consists of entities focused on the common good and the development of the country. José Hélio Fernandes, NTC&Logística Chairman ABNT is honored to partner with the National Association of Roadway Equipment Manufacturers (ANFIR) in these 16 years of partnership, with the creation of the Brazilian Committee of Roadway Equipment (ABNT/CB-39), always seeking to improve the standardization in the field of roadway equipment, including trailers, semi-trailers and bodies for trucks and containers, with regard to terminology, requirements, test methods and generalities. Congratulations to ANFIR for their 35 years of great commitment to their work. Pedro Buzatto Costa, president of the Advisory Board for the Brazilian National Standards Organization (ABNT).
25 2015 Internally, ANFIR created the ‘’ANFIR Compliance Stamp’’ (Selo de Conformidade ANFIR), which exposes to the society the legal status of the companies of the industry. It is awarded only to companies that prove to be up to date with all taxes. It is not mandatory, not even for the associate. However, the industry that desire to acquire it has to undergo external audit and prove their legal status. For all its achievements, ANFIR commands great respect and recognition from its associates. “Over its 35 years, ANFIR has become an association of small group of competitors in a large trade association. I am proud to be part of this history”, says Lauro Pastre. With the association, “the Industry achieved national representation”, recognizes Leonardo De Vincenzo Filho, Sales and Marketing Director for Rodofort. He says that the company joined the association in order to “strengthen and create standards for the industry.” And he recognizes that not only his company, but the entire roadway equipment segment “won greater representation at a national level.” Marcos Guerra expressed his satisfaction saying that the company still has members on the board of directors and the coordination of the technical committee at ANFIR. 35 years after the creation of ANFIR, the world keeps changing. The biggest concern now is no longer technology, but the sustainability of the planet, both in environmental and social aspects. Always attentive to the reality of events, ANFIR made room for discussions about water and for the social programs of the companies in the industry, in this edition of the Yearbook. See the interview, in the Box, with the current Chairman, Alcides Braga, about the past and the future of ANFIR. Balance and perspectives Current President of ANFIR, Alcides Braga, speaks of the achievements and the future of the entity Mr. Alcides Braga, has ANFIR fulfilled its duties over these 35 years? It certainly did. The organization has come to represent one of the most important industries of the Brazilian economy, which is present in practically all operations of other segments – directly or indirectly – and responsible for handling more than 60% of all goods transiting by land in Brazil. What is the concept that the entity enjoys before governments, society and the press? I can positively say that ANFIR reaches its 35 years with a strong image of an entity which represents the legitimate interests of a significant share of Brazilian industry. By which sectors and government agencies is the association currently represented? ANFIR, as a representative entity of a share of the industry, fulfills its role of interlocutor with the government, therefore maintaining constant dialogue with the Ministries of Industry, Development and Foreign Trade, Transport, Agriculture and Agricultural Development, besides other bodies linked to them, such as BNDES, Denatran and others. What are the recent achievements of ANFIR that benefit its partners, the transport industry and/or society in general? Some achievements, such as fixed rules and interest rates for PSI/Finame in 2014, were obtained together with partner organizations. Others, in the technical field – which incorporate equipment such as ABS brakes on trailers and semi-trailers, for example – resulted from ANFIR efforts on the continuous improvement of road freight transport. What are the main goals in the short and medium term? To maintain good relationship and communication with the government in order to establish an environment which is beneficial for the good progress of our business, because, as we all know, reflect the performance of the economy in general.
26 2015 Meio de transporte Produto Product SE
27 2015 Líderes dos segmentos de milho e soja, as maiores commodities agrícolas do Brasil, falam sobre perdas dos produtos durante o transporte e analisam a qualidade do implemento rodoviário nacional. URO
28 2015 A produção agrícola cresce todos os anos no Brasil. Independentemente do excesso de chuva ou de seca, das pragas ou da situação econômica do País, a colheita tem sido cada vez maior a cada safra. A mais recente manteve a tradição. No período 2014/15 os agricultores colheram mais de 200 milhões de toneladas de grãos e estabeleceram novo recorde. Mas, já se sabe que esse número não durará muito. Logo será superado. Nessa seara, os líderes de volume são respectivamente, soja e milho. Juntas, essas duas culturas atingem percentual em torno dos 90% de todos os grãos produzidos no Brasil. No terceiro ano consecutivo da seção Avaliação, do Anuário da ANFIR - na qual grandes usuários de implementos rodoviários, expressam livremente suas opiniões acerca dos produtos nacionais – o foco são as principais commodities agrícolas do País. O segmento de grãos é emblemático por que há um “fantasma” que assusta tanto os produtores, quanto os transportadores e até a sociedade em geral: o desperdício! Quem no passado recente viajou pelas estradas do Brasil na época da safra certamente teve a oportunidade de ver os produtos caindo das carrocerias dos caminhões. A situação não foi totalmente resolvida, mas é pontual, como se pode ver adiante. Contudo, a velha imagem persiste. Hoje em dia ainda há consultores, estatísticos e outros profissionais – inclusive da imprensa - que falam em até 10% de perda, um verdadeiro absurdo levando-se em conta que o desperdício, por esse cálculo, supera os 20 milhões de toneladas somente no transporte rodoviário! A influência das estradas Pelo segmento de milho quem falou foi Alysson Paolinelli, ex-ministro da agricultura. Foi sob sua gestão que a agricultura brasileira expandiu-se para o cerrado, cresceu em produtividade, agregou tecnologia e fez deslanchar o agronegócio brasileiro. Atualmente Paolinelli é produtor rural, presidente da Alysson Paolinelli, produtor rural, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) farmer and president of the Brazilian Association of Corn Producers (Abramilho) Produto Product
29 2015 Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) e integrante da diretoria do Maizal, organização que reúne entidades representativas do segmento no Brasil, Argentina e Estados Unidos, sendo responsável por mais de 50% do milho colhido no mundo. “A safra no Brasil é de 80 milhões de toneladas”, revela Paolinelli. Praticamente, tudo que é colhido é transportado em caminhões das fazendas até os silos, armazéns, cooperativas e outras áreas de depósitos. Mesmo quando o produto segue em viagem longa para os centros de consumo do País ou para os portos, onde é embarcado para exportação, o transporte rodoviário ainda predomina, com 70% da carga total. Sobre o antigo “fantasma,” ele informa que perdas ainda ocorrem, porém, atribui o desperdício muito mais às condições das estradas, “principalmente as vicinais, a maioria em péssimo estado de conservação e que se agravam na época das chuvas”. Exigente, o líder setorial reconhece que “as carrocerias para transporte do milho a granel evoluíram muito nos últimos anos”. E acrescenta que quando o produto é novo e a estrada boa, o desperdício quase inexiste. Mas, ele quer melhorar a eficiência, dentre outros motivos, porque o milho é um produto de baixo valor agregado, e o frete rodoviário no Brasil é muito elevado. O problema é que, dependendo das estradas por onde circula, nem mesmo o implemento novo resiste por muito tempo. Buracos, barrancos, aclives ou declives forçam o peso da carga para o lado esquerdo ou para o direito; para frente e para trás, num vaivém constante e repetitivo que causa danos. Então, podem surgir pequenas fendas por onde o produto escapa. Mas, nem mesmo o presidente da associação dos produtores arrisca a falar em percentual de perda. “Existe muito chute, porém, ninguém sabe ao certo de quanto é”, garante. Perto de zero Das mais de 90 milhões de toneladas de soja produzidas por ano no Brasil, mais de 6,5 milhões de toneladas saem das lavouras do Estado do Mato Grosso do Sul. Quem falou em nome dos produtores do estado foi Lucas Galvan, Gestor do Departamento Técnico do Sistema Famasul - uma grande associação que reúne produtores, sindicatos e entidades, como o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). “Praticamente 100% da produção de grãos produzidos no Estado são transportados por caminhões, exceto alguns embarques que ocorrem por ferrovia eventualmente nos municípios de Chapadão do Sul e Aparecida do Tabuado”, revela Lucas Galvan. Ele também diz que não dispõe de dados atualizados sobre o volume de grãos desperdiçados no transporte. ConPraticamente tudo que é colhido é transportado em caminhões das fazendas até os silos, armazéns, cooperativas e outras áreas de depósitos Lucas Galvan, gestor do departamento técnico do Sistema Famasul manager of the Technical Department of the Famasul System Divulgação
33 2015 tudo, estima esse número como sendo “próximo dos 0,25%”. A respeito da existência do “fantasma dos 10% ou mais”, ele acredita que muita gente utiliza esse número com base em estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), porém, do ano de 2003. Ele prefere crer mais nos dados das “empresas transportadoras que garantem que as perdas não passam de 0,25%, sobre o peso embarcado, em relação ao peso de destino”. Ao citar as razões para ter confiança nos dados das transportadoras, o gestor do sistema Famasul esclarece que “os produtores e transportadores vêm investindo fortemente na melhoria dos implementos rodoviários e estas perdas estão sendo reduzidas constantemente”. Ele praticamente isenta o implemento de qualquer culpa, desde que bem conservado, ao citar que a “má conservação das estradas e os próprios equipamentos, também sem manutenção”, são os responsáveis pelos desperdícios. Mas, é pragmático e tanto quanto Alysson Paolinelli, também é taxativo: “Não existe estudos sobre estas perdas”. Sobre a qualidade do implemento rodoviário nacional, que faz o transporte da soja a granel, ele diz que “este setor está cada vez mais especializado nos caminhões basculantes, o que tem evitado e, em alguns casos, até zerado estas perdas. Atualmente é um setor moderno com alta qualidade”, define. Mas, sua receita para acabar de vez com as perdas de grãos durante a viagem é simples e conhecida: “Melhoria contínua das estradas e manutenção regular dos implementos”.
34 2015 Brazilian agricultural production is growing; the harvest has been increasing each year regardless of lack or excess of rain, pests or the economic situation of the country. Last season was no exception; in the period 2014/15 farmers reaped 200 million tons of grain, and established a new record. Although we know this figure won’t last long. It will soon be surpassed. In this field, volume leaders are respectively, soybeans and corn. Together, these two cultures reaches a nearly 90% of all grains produced in Brazil. For the third consecutive year, the Evaluation section of the ANFIR Yearbook – where major road implement users express their opinions about domestic products freely – is focusing on the main agricultural commodities in the country. The grain segment is emblematic, because there is a “ghost” haunting producers, transporters and society in general: the waste! Anyone who had travelled on Brazilian roads during the harvest season certainly had the opportunity to see the products falling from the truck body. This situation has not been completely resolved, but it is timely, as we will explain later. However the old image persists. Nowadays there are consultants, statisticians and other professionals – including press – who estimates there is a production loss of up to 10 %, which is outrageous, for it would represent a 20 million-ton loss during road transport! The influence of the roads Alysson Paolinelli, former Minister of agriculture, made a statement about the corn. Under his administration, Brazilian agriculture expanded into cerrado, his was the time when productivity and technology had expanded most and the Brazilian agribusiness had a special momentum. Currently, Paolinelli is a rural producer, President of the Brazilian Society of Corn Producers (Abramilho) and member of Board of directors of Maizal, an organization that comprehends representative entities of this segment in Brazil, Argentina and United States, together these countries represent more than 50% of the corn harvested worldwide. “The harvest in Brazil reaches 80 million tons”, shows Paolinelli. Practically everything that is harvested is transported in trucks from farms to the silos, warehouses, cooperatives and other storages. Even when products must travel to Brazilian shopping areas or to the sea ports in order to be shipped for export, the road transport still predominates with 70% of the total load. Concerning old “ghost,” he informs that losses still occur and that the poor conditions of the roads are to blame for the waste, “especially local roads, most of them are in awful conditions and they get even worse during rainy season”. The leader in this is quite demanding and recognizes that “the bodies for bulk corn transportation had evolved a lot in the past Safe means of transport Leaders of corn and soybean segments, the largest agricultural commodities from Brazil, talk about product losses during their transportation and analyze the quality of national road implement. Produto Product
35 2015 few years”. He says that when the product is new and the road is good, waste is almost non-existent. Nonetheless, he wants to improve efficiency, among other reasons, because corn is a low added value product, and road freight is very expensive in Brazil. The problem is that not even new implements can resist longer under certain road conditions. Holes, ravines, uphill or slope force the load weight to the left, right, back or forth, in a constant and repetitive jostling which may cause damage and develop small cracks leading to product losses. However, the President of the Brazilian Producers’ Association does not dare talking about percentage of loss: “Many people try to guess it, but no one knows for sure the exact amount”, he says. Close to zero Brazil is responsible for producing more than 90 million tons of soybean produced, more than 6.5 million tons come from the state of Mato Grosso do Sul. Lucas Galvan – Manager of the Technical Department of the Famasul System, a great Association that brings together producers, unions and entities such as the National Service for Rural Training (Senar) – spoke on behalf of the producers of Mato Grosso do Sul. “Virtually 100% of grains produced in the state are transported by trucks, except some few shipments made by railroad in the municipalities of Chapadão do Sul and Aparecida do Tabuado”, reveals Lucas Galvan. He also says that he does not have updated data about the volume of wasted grain during transportation. However, he believes that this figure is “close to the 0.25 percent”. Regarding the existence of the “ghost of 10% or more,” he believes that many people uses this number based on a study of Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE) from 2003. He would rather use data provided by “transport companies’ which guarantee that losses do not exceed 0.25% on the weight shipped in relation to the final weight”. When mentioning the reasons for his confidence in transport companies’ data, the System Manager of Famasul explains that “producers and transport companies are investing heavily in improving road implements and these losses are constantly decreasing”. He practically exempts implement conservation from any responsibility and states that “bad conditions of roads and equipments” are the responsible for the waste. On the other hand, he is as pragmatic and resolute as Alysson Paolinelli: “There is no study about these losses.” On the national road implement quality, responsible for the bulk soybean transporting, he says, “this sector is increasingly specializing itself in dump trucks, a strategy which has been avoiding or, in some cases, even zeroing these losses. It is a modern and high quality sector”, he defines. Nevertheless, his formula to put an end once and for all to the grains losses during the trip is quite simple and well-known: “the continuous improvement of roads and regular maintenance of implements”.
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