Anuário da Indústria de Implementos Rodoviários 2020

44  O senhor afirmaria que 2019 foi um bom ano para a indústria de veículos? O Brasil fechou o ano com 2,57 milhões de veículos licenciados, 8,6% mais do que no ano anterior. Com isso, saltou de 8ª para 6º maior mercado no ranking global. O mercado interno, de fato, foi o grande responsável pelo cresci- mento de 2,3% na produção, apesar da baixa de 31,9% nas exportações provocada pela aguda crise argentina. Devemos comemorar esses nú- meros, que mostram uma consistente recupera- ção do setor pelo terceiro ano consecutivo.  Podemos esperar um novo avanço em 2020? Todos os indicadores da economia brasilei- ra apontam para um ano de recuperação mais robusta: nunca tivemos uma taxa Selic em pa- tamar tão baixo, que deve se refletir em taxas menores para financiamentos de veículos. A inflação segue controlada, o emprego come - ça a dar sinais de melhora, há uma retomada nos índices de confiança e o PIB também ten - de a crescer. Estamos projetando aumento de 9,4% nos licenciamentos, para 3,05 milhões. Com esse aquecimento do mercado interno, a indústria espera produzir 7,3% mais veículos que em 2019, mesmo com nova retração nas exportações estimada em 11%, e chegar a 3,16 milhões de unidades. Para o setor de máquinas, estimamos crescimento de 5,4% na produção e de 2,9% nas vendas.  São avanços importantes, especialmente sobre uma base de comparação mais forte... São números mais animadores, mas ainda insuficientes para que retomemos os picos de vendas e produção verificados um pouco antes da grave crise de 2014 a 2016.  Quais fatores o senhor identifica como relevan­ tesparaa indústrianesteenospróximosanos? O Brasil está no sentido correto das reformas estruturais e do saneamento damáquina pública, mas precisa ser ainda mais ambicioso no sentido de avançar nas reformas e privatizações, e sobre- tudo no ataque ao Custo-Brasil. Só teremos uma recuperação duradoura quando o país eliminar os gargalos tributários, logísticos e burocráticos. Não podemos nos iludir. É preciso atacar o Cus- to-Brasil, caso o contrário, o fim da crise - a mais longa e persistente que já experimentamos - será o começo de um novo voo de galinha.  E especificamente o segmento de caminhões? Os caminhões foram o destaque positivo no ano passado, com alta de 33,4% nos emplaca- mentos, que chegaram a 98,2 mil unidades, e de 7,5% na produção. Os ônibus também apre- sentaram forte recuperação, com crescimento de 38,8%. Este ano, as projeções indicam mais uma alta de 16,9% nos pesados, para 143 mil veículos vendidos, sinalizando uma retomada mais vigorosa do PIB.  Alguma possibilidade de as exportações melhorarem em algum segmento? Nada indica, no curto prazo, uma retomada da Argentina. O país convive com juros e infla - ção muito altos, além de precisar correr para pagar suas dívidas externas. Para complicar, a instabilidade política em países como Chile e Colômbia ligam um sinal de alerta emmercados onde vínhamos ganhando terreno. As exporta- ções de veículos pesados deverão registrar que- da de 22,7% em relação ao ano passado e somar perto de 16 mil veículos. PERSPECTIVAS 2020 | 2020 PROSPECTS | PERSPECTIVAS 2020 Luiz Carlos Moraes, presidente da ANFAVEA © João Luiz Oliveira | Technifoto

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